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FPF destaca Escola de futebol do Real SC

Futebol

Uma entrevista ao professor coordenador do Setor de Formação de Futebol do Real Sport Clube, João Pedro Ferreira sobre a certificação da Federação Portuguesa de Futebol e a evolução do projeto no seio do clube e da comunidade.

Como está a escola de futebol, em número de atletas e funcionamento?

A Escola de Futebol do Real Sport Clube (EFRSC), em número de participantes tem mantido um rácio global equilibrado nos últimos três a quatro anos, com um número médio de 350 inscrições por época. Se contarmos com uma taxa média regular de 25% a 30% de desistências nesta tipologia de atividade de prática de atividade física desportiva em contexto de ar livre sujeita às variações das condições climatéricas e em que a pressão para a seleção para o enquadramento da Competição é muito elevada, são números dentro dos objetivos expectáveis. No entanto esta tipologia de Atividade está a mudar e a EFRSC está a atravessar um processo de acompanhamento da nova contextualização desta forma de prática Desportiva.

Que mudança é essa?

Os utentes pretendem Competição Oficial, apesar do nível de potencial de performance ser insuficiente para resultados comparáveis com o nível do enquadramento das Equipas representativas dos Escalões de Competições Oficiais do SFFRSC. Mas se não conseguirmos proporcionar-lhes este contexto a taxa de desistências tenderá a aumentar assim como a de não renovação, indo estes elementos procurar outras organizações que já lhes proporcionam este enquadramento competitivo federado. Algumas destas organizações funcionando num raio de influência muito próximo em termos espaciais e logísticos do Complexo Desportivo do Real Sport Clube. Como exemplo, os polos da EF Belenenses não ficam afetados pelas variações climatéricas.

Há mais projetos em desenvolvimento?

Outra necessidade da EFRSC é expandir a outros polos de intervenção, abrindo centro de Atividade em Campos de Escolas nas áreas geográficas próximas, funcionando como catalisadores de influência posicional no mercado de Formação de futebol do concelho de Sintra e concelhos limítrofes. Um outro fator de adaptação à conjuntura que já está em desenvolvimento e que a EFRSC e o SFFRSC estão de certo modo a começar mais tarde é o enfoque no aumento da participação do género feminino no contexto do Futebol. Esta é uma prerrogativa da FIFA, da UEFA e consequentemente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que tem procurado incentivar os Clubes ao fomento deliberado do aumento do número de praticantes do género feminino e criando inclusive mecanismos de facilitação, como apoios, mas também de condicionamento como o adotado já para desta época 2019-2020, de impedimento de aceder à Certificação máxima por CINCO ESTRELAS aos Clubes que não tenham prática de Futebol Feminino.

Qual a importância da certificação da FPF?

A obtenção da Certificação de Entidade Formadora na Época 2018-2019, que não é bem uma obtenção, mas uma renovação da Certificação agora em moldes diferentes, já que o Setor de Formação de Futebol do Real Sport Clube, já era um Departamento Certificado pela FPF, aliás um dos primeiros 40 a nível Nacional, numa fase do processo em que apenas Clubes com características diferenciadas podiam aceder à Certificação. Esta época 2018-2019 a FPF abriu e condicionou todos os Clubes com promoção de formação de futebol em Portugal a ir ao processo de Certificação.

Como funciona a avaliação feita aos clubes?

Concorreram cerca de 1400 Clubes a um novo Modelo que passou de uma Classificação no processo anterior por Certificado; Certificado com Reservas e Não Certificado, para uma Classificação de 1 a 5 Estrelas. Numa seriação de mais de 9 critérios subdivididos em mais de 70 subcritérios, que se verificando concretizam pontos que de forma Sumativa podem ir dos 0 aos 100 pontos para a obtenção das 5 Estrelas.

Nesse cenário, como ficou posicionada a EFRSC?

O Setor de Formação de Futebol do Real Sport Clube obteve neste processo a que se submeteu, para a época em curso 2018-2019, a classificação de 4 Estrelas com uma pontuação de 89 pontos. Ficando a apenas 1 ponto das  5 Estrelas (a partir dos 90 pontos) e onde apenas Sporting SAD e Benfica SAD a obtiveram no Distrito de Lisboa.

De que forma o reconhecimento da FPF ajuda o clube no crescimento do projeto da formação de jogadores?

Este reconhecimento/Certificação está ainda a dar os primeiros passos no universo mais generalizado dos Clubes Formadores de Futebol em Portugal. Só este ano os Clubes tiveram a real oportunidade de se poderem comparar e verificar o seu posicionamento relativamente aos seus pares e concorrentes desta área de intervenção formacional, mas que também é ela um mercado. A obtenção de EF Certificada com 4 Estrelas permite-nos por exemplo, ter acesso aos mecanismos compensatórios por Formação de Jogadores estipulados pela FPF e pela FIFA e que nos níveis mais baixos de Certificação mão seria possível. Assim como poder celebrar Contratos de Formação Desportiva com Jogadores do SFFRSC. Permite igualmente posicionar o SFFRSC no mercado onde opera pela competitividade de seleção e recrutamento dos melhores jogadores em Formação e com melhor potencial de performance, poder assim ser uma escolha deliberada dos mesmos e dos seus Encarregados de Educação. Por conseguinte teremos Escalões/Equipas com mais potencial de performance e sucessivamente ser um Clube predominantemente procurado por Jogadores em vez de ser um Clube predominantemente “procurador” (o posicionamento normal que não seja dos clubes considerandos comummente de “Os Grandes”) de Jogadores o que numa economia de mercado competitivo nos dá um posicionamento de vantagem negocial. Estes critérios vêm diferenciar principalmente pelos fatores de qualidade de intervenção técnica, acompanhamento pedagógico dual, Escola/Futebol e muito principalmente pelos meios de apoio infraestruturais e logísticos que proporcionam aos seus praticantes. Resumindo, aumentando os fatores de qualidade nos serviços prestados como numa outra organização de mercado de qualquer área de prestação de serviços ou venda de bens e produtos ao consumidor.

É este o posicionamento que o SFFRSC deve adotar no caminho futuro. Centrar-se na qualidade do serviço prestado mantendo o de intervenção técnica mas muito mais acentuado na oferta de qualidade de infraestruturas de prática e apoio acessório e complementar à atividade.

Realce ainda para o fato de que tendo sido o Setor de Formação de Futebol do Real Sport Clube um dos primeiros Clubes a participar neste processo nacional de diferenciação positiva de Entidades Formadoras pela FPF e participando desde a génese em debates, formações e reuniões técnicas, aumentou em muito o seu capital de notoriedade junto da Federação Portuguesa de Futebol reconhecendo nesta o esforço que as Direções do Real Sport Clube têm feito no investimento do desenvolvimento deste Setor do Clube.

Do ponto de vista social e porque o Real SC está inserido numa comunidade com algumas carências, qual tem sido o papel deste projeto na orientação social, educacional e comunitária de jovens em situações assinaladas?

O SFFRSC continua a manter uma prerrogativa básica fundamental, a de cumprir com as suas obrigações enquanto Instituição de Utilidade Publica. Este desígnio implica não só a promoção o mais generalizada possível da prática desportiva, para o caso do SFFRSC, na modalidade de Futebol, mantendo igualmente o enfoque paralelo na excelência de performance como formação de potenciais jogadores de referência no futebol português.

Sabemos que cada vez mais para se ter serviços de qualidade os custos são elevados, e a comparticipação e apoios de ordem pública não são suficientes para cobrir e fazer face a todos os encargos com os mesmos. Contudo no SFFRSC todos os atletas que por algum fator evidenciável e ou declarado não tenham possibilidades económicas de suportar os custos, embora mínimos, mas que para estas situações, poderão ser máximos, não deixarão de poder praticar a modalidade que mais gostam.

De modo igual continuamos a estabelecer acordos com organizações e instituições de acompanhamento e ou integração social de jovens que por alguma razão necessitem do futebol como meio facilitador da sua inclusão plena na sociedade portuguesa. Temos exemplos de casos como o de um elemento da Escola de futebol Real SC, que sendo refugiado está integrado e em atividade no nosso contexto de promoção de prática desportiva do Futebol, sendo os custos suportados pelo Real Sport Clube. Outros exemplos situa-se em jovens com acompanhamento médico psicopedagógico e que procuram através da sociabilização em contexto de grupo a sua homeostasia emocional. Fazemos ainda todos os anos a Campanha “MARCA UM GOLO PELA SOLIDARIEDADE” de recolha de bens unteis que são distribuídos por instituições de jovens em contextos desfavorecidos, nomeadamente em IPSS.

Estas são apenas umas de várias situações que temos todos os anos e que com muita abertura nos orgulhamos de assumir.

 

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