Os seis clubes lesados com as decisões da FPF sobre a não realização do play-off do Campeonato de Portugal e a forma como indicou os dois clubes para a 2ª Liga, disseram hoje em conferência de imprensa que não vão parar de lutar para que seja feita justiça.
O Presidente do Real, Adelino Ramos criticou a indisponibilidade do Presidente da FPF para receber os 6 clubes, considerando tratar-se de uma atitude de falta de respeito e de desprezo para com os líderes do Fafe, Lourosa, Benfica e Castelo Branco, Real, Olhanense e Praiense.
Acrescentou, por outro lado, que a solução global para se ultrapassar a situação criada pela FPF poderá passar pela reformulação e alargamento já esta época da 2ª Liga de modo a serem criadas duas zonas com 14 clubes cada, pelo que os Presidente da Federação e da Liga devem entender-se.
Caso a situação se mantenha, foi dito pelo Presidente do Olhanense, Luís Torres, que os 6 clubes poderão mesmo levar o caso à instância máxima do futebol europeu, a UEFA, tendo relembrado que foi tomada no dia 2 de maio uma decisão ilegal que obrigou a própria FPF a anular essa decisão no dia 14, e que a insistência da Federação em indicar os mesmos dois clubes à 2ª Liga continua ferida de legalidade.
No início do encontro com a comunicação social, em nome dos clubes, foi lida pelo Presidente do Benfica e Castelo Branco, Jorge Neves, uma declaração de enquadramento de todo o caso e que divulgamos na íntegra:
Quando a 8 de abril, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu dar por terminado o Campeonato de Portugal, os 8 clubes que estavam em posição de disputar o play-off para acesso à 2ª Liga foram informados por um diretor de competições da FPF para se prepararem para o play-off e que este poderia ser realizado na Cidade do Futebol.
Para estes clubes estava alcançado o primeiro objetivo da época: participar no play-off, o único critério regulamentar para a Federação indicar os 2 clubes que sobem aos campeonatos profissionais.
Nunca em momento algum durante o campeonato foi comunicado aos clubes que haveria outro critério diferente do que aquele que estava regulamentado. Se houvesse outro, os clubes fariam certamente uma gestão diferente das suas equipas.
No dia 30 de abril, e contra todas as expetativas, o mesmo diretor de competições comunicou aos 8 clubes que afinal já não haveria play-off, não tendo adiantado quaisquer explicações, nem feito qualquer referência aos clubes que seriam promovidos.
No dia 2 de maio, num sábado a meio da tarde, a Federação anunciou em comunicado que, reconhecendo o mérito desportivo, indicaria para ascender à 2ª Liga o Futebol Clube de Vizela-Futebol SAD e o Futebol Clube de Arouca-Futebol SDUQ, por serem os dois clubes com maior número de pontos.
Surpreendidos pelo critério anunciado e pela forma inopinada como a decisão foi tomada e por não ter havido qualquer explicação prévia da parte da FPF, estes 6 clubes solicitaram no próprio dia 2 uma reunião urgente ao Presidente Fernando Gomes.
Não tendo obtido qualquer resposta, os clubes insistiram no dia 5 com um novo pedido de reunião ao Presidente da FPF. No dia 7, a resposta chegou com a marcação de uma reunião para o dia 8, com 3 diretores da Federação: José Couceiro, Luís Sobral e Carlos Lucas.
Os clubes responderam à marcação da reunião dizendo que estariam no dia e à hora marcada na Cidade do Futebol, mas sublinhando que a reunião tinha sido pedida ao Presidente da Federação pelo que esperavam que o mesmo estivesse na reunião.
Tal não aconteceu e os clubes entenderam que não estavam criadas as condições para haver a reunião.
Consideram os Presidentes dos clubes que os problemas criados com a não realização do prometido play-off e a solução da FPF para a subida, devem ser debatidos com o responsável máximo da Federação que é quem tem o poder decisório.
E nesse sentido, renovaram no dia 11 o pedido de reunião urgente ao Presidente Fernando Gomes, pedido que continua até hoje sem uma resposta.
Consideram os 6 clubes que ao decretar a subida administrativa conforme decretou, a Federação acaba por violar os princípios da justiça, da transparência, da boa-fé, da verdade desportiva e da legalidade.
Na verdade, de entre os vários episódios associados a este processo, de que forma devemos entender, por exemplo, que a decisão da subida por mérito desportivo tenha sido tomada no dia 2 de maio pelo comité de emergência da Federação e o mesmo comité de emergência tenha anulado em 14 de maio aquela decisão e só nesta data tenha aprovado também a alteração regulamentar que a fundamenta?
Ou seja, de forma apressada e antes que terminasse o estado de emergência, a Federação decidiu indicar os dois clubes no dia 2 de maio e a 14 de maio anulou essa decisão, aprovou a alteração regulamentar e voltou a indicar os dois clubes!
A situação pandémica tem sido o pretexto da Federação para, por outro lado, justificar a impossibilidade de realizar os 6 ou no máximo os 10 jogos do play-off. Mas a mesma situação pandémica já não é impeditiva da realização dos 90 jogos da Primeira Liga!
E a verdade é que o Governo nunca disse que não se poderia realizar o play-off do Campeonato de Portugal. A verdade é que não se viu na Federação, relativamente ao Campeonato de Portugal, a mesma vontade e disponibilidade que teve em relação à Primeira Liga.
É neste contexto que se percebe agora porque é que a Cidade do Futebol, de um momento para o outro, deixou de ser opção para o prometido play-off do Campeonato de Portugal, para passar a albergar três clubes da 1ª Liga.
A decisão da FPF sobre a não realização do play-off tem um extraordinário impacto negativo para estes 6 clubes, não apenas ao nível desportivo como também ao nível financeiro.
É perante a gravidade da situação que caberá ao Presidente da Federação Portuguesa de Futebol dar as explicações que se exigem e dizer que solução global propõe para os 6 clubes.
Refutando qualquer atitude de desprezo por parte do Presidente da FPF, os Presidentes destes 6 clubes reafirmam merecer o mesmo respeito que os presidentes de outros clubes, pelo que continuam a aguardar pela marcação da reunião.
Cinco dos Presidentes estiveram presentes na sala enquanto o presidente do Praiense participou por videoconferência.
De assinalar que estiveram na conferência de imprensa, numa manifestação de apoio e solidariedade, o Presidente da AFL Nuno Lobo, o Vice-presidente da Associação do Algarve Albertino Galvão e a assistir a partir dos Açores o Presidente da Associação de Angra do Heroísmo, Paulo Gomes.
Lisboa, 28 de Maio de 2020.