O ano 2020 ficará conhecido no calendário certamente como o ano da calamidade, da emergência, do desespero e, para muitos, como o ano da desgraça. Tudo isto, como sabemos, devido à pandemia da Covid-19 e às consequências nefastas que teve sobre a sociedade nos diversos campos desde a saúde à vida económica e financeira, social, cultural e também desportiva.
Mas 2020 ficará também conhecido como o ano da solidariedade, da resiliência e persistência na luta contra um vírus invisível que ataca sem olhar a quem, em particular, os mais vulneráveis e desprevenidos. E mesmo cumprindo com todas as regras sanitárias, a sensação de insegurança continua e vai permanecer por muito tempo.
Chega ao fim um ano que teve um enorme efeito na nossa consciência cívica e na capacidade de cada um e de todos para nos adaptarmos a novas realidades individuais e coletivas.
E é esta consciência sobre o que aconteceu neste ano atípico que nos deve fazer pensar na vida e no que cada um de nós pode e deve fazer pelo bem comum.
Neste ano que termina, o desporto sentiu também de forma negativa e implacável o impacto da pandemia. A atividade física e desportiva, nas suas diversas modalidades, foi bruscamente suspensa e o encerramento de clubes, associações e coletividades traduziu-se num rombo sem precedentes que põe em causa a sobrevivência de muitos.
Refiro, em especial, os mais de 30 mil que tiveram prejuízos de cerca de 400 milhões de euros e que contribuem de alguma forma para a economia social.
Inexplicavelmente sem qualquer ajuda financeira direta do Estado, valeu a muitos destes clubes, verdadeiros promotores do desenvolvimento desportivo, o apoio disponibilizado pelas autarquias como a Câmara Municipal de Sintra.
A retoma da atividade, feita à base de muito esforço, dedicação e paixão, representa para todos nós um constante desafio que obriga a reinventar a todo o momento. Apesar do muito que se tem feito para uma retoma em segurança, a realidade está muito condicionada pelos receios de quem quer praticar a sua modalidade desportiva, mas espera por dias melhores.
No final deste ano começam a surgir alguns sinais ténues de esperança no futuro. O aparecimento das vacinas pode ajudar no combate ao Sars-Cov2 mas os efeitos da pandemia na vida de cada um de nós vão perdurar.
Embora saibamos que nada será como antes, o nosso desejo é que 2021 seja de facto o ano da esperança, da confiança e da consolidação da retoma.