O Mestre António Duarte é o responsável pela prática de Kickboxing / Muay-Thai no Real SC e também o espelho da modalidade a nível nacional. Atualmente é o treinador mais graduado do país e o seu percurso desportivo fá-lo ter a certeza que será lendário, mas admite que ainda sente nervosismo antes dos combates.
Pormenores revelados em entrevista numa altura em que a Federação Portuguesa de Kickboxing / Muay-Thai o distinguiu pelo longo e meritório percurso desportivo e profissional.
O Mestre António Duarte é dos grandes impulsionadores do kickboxing no pais. Como tem assistido à evolução da modalidade?
O Kickboxing faz 48 anos que se prática em Portugal, tantos quanto eu pratica. Tem tido uma evolução muito grande em todo o mundo e hoje é uma modalidade com a sua identidade e com grande aceitação por toda a sociedade.
Ao longo da sua carreira ganhou vários títulos e teve oportunidade de combater com os melhores… que momentos destaca?
Na minha carreira enquanto praticante e lutador as condições eram totalmente diferentes das que os atletas dispõem hoje.. Relembro que as deslocações aos campeonatos e torneios no estrangeiro eram feitos em carro próprio e sem qualquer ajuda monetária, alugávamos carrinhas para as deslocações. Isso não acontece nos dias de hoje. Já existem muitas marcas a apoiar e patrocinar atletas e equipas. Do meu percurso destaco uma situação no Campeonato Ibérico em Bilbau nos inicio dos anos 80. Estava na final de 67kgs, recebi um pontapé rotativo no estômago que me cortou a respiração e originou uma contagem por parte do árbitro.
Consegui resistir numa posição que desloquei com as mãos em posição de metralhadora, o que ditou a minha alcunha de “Metralha” ainda hoje reconhecida por muitos que faziam parte da seleção.
Mestre António Duarte
Hoje ensina e forma campeões nacionais e internacionais. Ainda sente nervosismo antes dos combates?
Sim, sem dúvida. Sinto cada vez mais ansiedade cada vez que os nossos atletas sobem ao ringue ou ao Tatami. Por vezes revejo-me nesse papel de atleta e quero sempre que eles vençam. Sobretudo dar-lhes confiança para aquele momento que é importante para todos nós que vivemos intensamente este desporto.
As mulheres estão cada vez mais adeptas do kickboxing… considera que a maior presença feminina ajuda na continuidade da modalidade, por permitir que mães também vejam o que os filhos gostam de fazer?
O reconhecimento e os benefícios da prática da modalidade tem contribuído para o crescimento a todos os níveis. O Kickboxing engloba duas vertentes, a formação e competição e muito recentemente surgiu também a área do Fitness, sem competição. É esta a que tem crescido com as praticantes femininas.
Como gostaria de ser lembrado na história do kickboxing nacional? E mundial?
Há uma única forma de ser recordado e isso faz parte da história do Kickboxing português. Sendo um dos pioneiros do Kickboxing em Portugal e fundador da Federação Portuguesa de Kickboxing e Muay-Thai. A história diz isso, o resto é todo o percurso dos anos passados até esta momento. Sou atualmente o treinador mais graduado do Kickboxing em Portugal, acúmulo a função de árbitro internacional e presidente do conselho nacional de graduação da FPKMT.
Uma história de vida vivida no Real SC
O Mestre António Duarte encontrou no Real SC uma segunda casa para dar continuidade áquilo que mais gosta de fazer. O Kickboxing tem levado as cores do clube às mais variadas e exigentes competições. Ao longo dos anos, o RSC soma títulos regionais, nacionais e estrangeiros de várias categorias e técnicas. Tudo graças ao excelente trabalho que o Mestre António Duarte tem feito com os nossos atletas.
Esta segunda-feira, 2 de maio, o Mestre entregou ao clube, representado pelo vice-presidente para as modalidades, professor Carlos Dias, o diploma onde a Federação Portuguesa de Kickboxing / Muay-Thai o distingue. Também o clube tem a honra de o homenagear na história do Real SC.